witch lady

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segunda-feira, 7 de março de 2016

RESSUREIÇÃO








Quisera poder salvar os deuses da minha infância,
Que hoje descansam
De olhos fechados,
Semblantes cobertos de bruma,
As mãos entrelaçadas sobre o peito.


Quisera poder ouvir novamente seus sorrisos,
Abrir os olhos na escuridão
E saber que eles estão lá,
Velando por mim.

Mas depois que a inocência morre,
Nada mais nos socorre.

Quisera poder escutar suas vozes miúdas
 Em meus ouvidos
Fazendo-me crer que tudo vai ficar bem,
Não importa o que aconteça,
E que após a escuridão,
A manhã mais clara estará a minha espera...

Mas aprendi a ver além das paisagens e olhares.

Quisera poder novamente encontrá-los nos vitrais coloridos
Das igrejas e catedrais, 
No silêncio quente da chama de uma vela,
Passeando entre as palavras das preces sussurradas.

Quisera que houvesse um caminho,
Um jeito de ressuscitar meus deuses moribundos
Que tem fé em mim, e que me esperam.






domingo, 6 de março de 2016

PRÊMIO DARDOS







Fui presenteada com esse selinho "Prêmio Dardos" e sinto-me muito agradecida. Quem me indicou foi Maria Luiza, do blog Casa da Alquimia. O link: http://marialuizasaes.blogspot.com/

Desculpe, Maria Luiza, por estar usando aqui a sua ilustração!

O Prêmio Dardos é um selo virtual criado no ano de 2008 pelo escritor Alberto Zambade do blog Leyendas de “El Pequeño Dardo” El sentido de las Palabras.

Ele selecionou e indicou o selo a quinze blogs que ele considerou merecedores do prêmio, os quais também indicaram outros quinze e assim sucessivamente. 

Este prêmio é concedido a blogueiros para reconhecer "o esforço, criatividade e dedicação 
para manter um blog" e "valores pessoais, culturais, éticos e literários". 
Este prêmio também é conhecido 
como Best Blog Darts Thinkin.





Regras do Prêmio Dardos:
- Indicar blogs que preencham os requisitos acima para receber o prêmio; 
- Exibir a imagem do selo; 
- Mencionar o blog de que recebeu a indicação e colocar o link dele; (vou burlar esta regrinha... quem desejar conhecê-los, basta pesquisar no Google os títulos dos blogs. Indico todos eles, são blogs excelentes!)
- Avisar aos blogs escolhidos. 

Blogs escolhidos por mim, já recebedores do prêmio Dardos e que devem indicar outros blogs:

1- Luiz Alberto Machado - Tataritaritatá
2- Vera Lúcia - Recanto do Sol
3- Bandys - Esconderijo da Bandys.
4- Mario Feijó - Permita-se
5- Cláudio Poeta - Vida Alta
6- Carlos Costa - Jornalismo Carlos Costa
7- Carlos A. Lopes - Gândavos
8- Ricardo Rohen - UFOS Online
9- Toninho - Mineirinho
10- Felisberto Júnior - Be Happy
11- Adilson Shiva - Rimas Truncadas
12-Chica - Coisinhas da Chica, Céus e Palavras, Fuxicando com a Chica, e tantos outros.
13-Rangel Alves da Costa - Ser Tão / Sertão
14- Paulo Bratz - Enfim, é o que Tem Pra Hoje
15- Ivone - Levitar em Brancas Nuvens

Os escolhidos, desejando participar, devem também indicar quinze blogs para receber o prêmio. Podem copiar o selo e colar no blog se desejarem.






quinta-feira, 3 de março de 2016

Absinto







Te deram uma estrela ao nascer,
E era absinto... 
Teus olhos infantis e inocentes,
Sonhavam com o amor simplificado,
Mas que mostrou-se inconsistente.

Numa tarde fria, entre lágrimas,
Tu me disseste: “Eu só queria ser feliz!”
Mas eu não pude dar-te alegria,
Não, não era eu tua fada madrinha!

As flores coloridas e formosas
Com as quais enfeitaram teus caminhos,
Eram todas elas, venenosas
E cheias de espinhos!

A felicidade que tanto desejavas,
Veio em curtos lampejos,
Fracos relâmpagos, entre raios e trovoadas,
E noites negras de puro medo!

E foram noites longas e arrastadas,
Sem sinais de qualquer amanhecer.
Os deuses para os quais rezavas
Eram todos obscenos, e não te salvaram.

-Será possível que alguém já nasça
Com esse signo, esse cálice de dor
Derramado na alma, destinada
A só penar, a só sofrer?

Finalmente, o teu amanhecer,
O ato final dessa peça sem ensaio,
A chuva benfazeja, após o raio;
Sobre tua vida, o selo da sorte,

Parece-me que o anjo cujas asas tocaste
E cujos olhos jamais viste
(Mas que também eram tristes)
Estendeu-te a mão, e te sorriu.

A tua estrela, o absinto,
Há de brilhar, e transformar-se em outra coisa,
Em giz de luz, para que escrevas em tua lousa
Entre flores e perfumes de jasmim,
A tua última palavra – aliviada: “FIM.”



Para Rosane





quarta-feira, 2 de março de 2016

Sobre Casas, Poesia e Mãos de Fada








Nunca tive mãos de fada. Sou um verdadeiro desastre para cortar, costurar, bordar ou pintar. Também não consigo produzir bolos muito bons, ou fazer com que as plantinhas cresçam bem. Infelizmente, não herdei o dedo verde de minha mãe, que pegava um galhinho meio-seco de qualquer coisa, espetava no chão, se esquecia dele e de repente, lá estava uma roseira coberta de rosas vermelhas, ou então uma pé de fruta.

Não tenho a habilidade de Tia Rosa, que fazia bolos de maçã tão fofos, que pareciam aerados. Os meus ficam "massudos" e pesados. Nem sempre dão certo. Não sou como minhas irmãs, que cortam e costuram qualquer coisa, de roupas a cortinas e almofadas maravilhosas. Cada um com suas habilidades...

Na escola, tive aulas de bordado. Ainda me lembro dos meus paninhos riscados, as linhas tortas passando sobre os riscos, cheias de pequenos nós. A professora acabou desistindo de mim, tal a minha falta de jeito. Pouco antes de minha mãe morrer, falei-lhe sobre minha vontade de aprender um trabalho manual; ela me comprou uma revista e um CD que ensinavam a bordar, passo a passo. Porém, nunca assisti ao video. Ela sabia fazer aqueles pontos complicados e maravilhosos, e quando eu era criança, também tentou me ensinar, mas foi em vão. Minha mãe ensinou minhas irmãs a costurar na nossa velha máquina Singer de pedal. Uma delas fazia pantalonas tão boas, que as amigas compravam tecidos e pediam que as costurasse para elas (era o final dos anos 70). Quando chegou a vez de me ensinar, fui uma verdeira negação como aprendiz: até hoje, não consigo nem colocar a linha na máquina. Ela se perde entre tantos furinhos e caminhos, vais-e-voltas... a coisa não acontece!

Mas acho que sei cuidar bem de uma casa, limpar, arrumar, enfeitar. Consigo fazer uma comida simples e muito boa, mas sem sofisticações. 

E sei escrever poemas. Não sei se meus poemas são bons, mas eles me servem. Para mim, a casa é um poema que a gente escreve e nem percebe, pois nós escolhemos tudo o que está dentro dela, e acho que há muita poesia nisso; mesmo que peguemos um galho de flor na beira da calçada e o coloquemos em uma garrafa de vidro sobre  a mesa de jantar, existe nesse gesto muita poesia. 

Minha cabeça é um turbilhão de coisas que chegam e me pedem para colocá-las no papel. Também escrevo contos, ou seja, esboços de contos, pois se fosse escrevê-los como é para ser, acabaria (como já aconteceu muitas vezes) perdendo a paciência, então ponho as ideias no papel como elas me chegam, sem revisões e sem pretensões. Dou-lhes voz porque elas me pedem. Às vezes, tenho uma história na minha cabeça com começo, meio e fim. Sei exatamente aonde quero chegar, mas de repente, um dos personagens me rouba a caneta e segue por outro caminho totalmente diferente. E eu deixo ele ir.

Poesia em casa acontece quando a gente olha para um canto, vê que está faltando alguma coisa, e de repente colocamos um paninho de croché ou uma almofadinha e sentimos que ficou melhor, mais bonito e aconchegante. Poesia é aquela pequena mancha no sofá, a rachadura antiga na parede, a tinta descascando no muro, a colcha velha de tricô ou de patchwork - coisas que ajudam a contar a história de uma casa. Deus me livre de uma casa impecável, dessas que a gente vê nas revistas, por onde a poesia passa bem longe. A gente pode sentir a poesia quando, em uma noite de sábado silenciosa, depois que todo mundo foi dormir, nos levantamos para beber água; vamos descalços até a cozinha na casa semiescurecida, e escutamos o relógio tiquetaqueando. Caminhamos sobre os tapetes e corredores, e nos sentimos protegidos nesse lugar que é tão nosso, que é tão a nossa cara: a casa. 







terça-feira, 1 de março de 2016

DE VIDRO





She Was Happy



Oh, she had nothing,
And was nobody
When she was happy.

Her days were lighter,
People much kinder
When she was happy.

Her smile, so tender,
Her sweet surrender
Was not for posing
When she was happy.

Long time ago,
When innocence
Was in her soul...
-And she was happy.

And then she turned
Into a doll
Before the cameras
For grown-up boys
To look and play with.

Her smile became
So artificial,
Her eyes were empty 
And all they wanted
Was to posses her,
Body and soul.

And when she died,
Sad, cold and dry,
Her last thought, was
For the old days,
(The days she missed)
When she was happy...










A ÁRVORE CAÍDA










As folhas arrastadas pelo vento
Crepitavam no asfalto quente.
Na beira da estrada, o tronco caído.
Galhos murchando de tristeza
Querendo ser novamente sombra, abrigo de aves,
Mãe de muitos frutos,
Origem, flauta de brisa, descanso...

Passei sobre seu manso morrer,
Silencioso e lento,
E o que mais me feriu, foi o seu silêncio,
Que não se queixava, e a ninguém culpava!

Doeu-me, porém, relembrar, e calar, e saber
Que cada um de nós
Ergueu o machado fatal e amputou um galho,
Dia após dia, palavra por palavra,
De olhos abertos, de olhos fechados,
Até a queda fatal, o último talho...





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VERDADES

Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...