witch lady

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Entre Orquídeas




Uma caminhada. O dia estava quente. Após andar durante quase trinta minutos sob o sol forte, preciso refrescar-me. Passo em frente ao Orquidário Binot, e entro, percorrendo o caminho sombreado por feixes de bambu e árvores frondosas, escutando o barulhinho da água que entra no laguinho de trutas através de um pequeno riacho.

O resto, é só encantamento.



Caminhar entre as flores... deixar-me ficar ali, olhando para elas em reverência, sentindo suas energias de cor e veludo... qualquer alma há de sentir-se em paz, com a sensação benfazeja de que tudo está certo no mundo, e que todas as coisas caminham para um bom final. Junto às flores, não pode haver tristeza, saudades, ou qualquer tipo de eco maldoso vindo do mundo lá fora. Aqui só chega a paz. Estou protegida, e nada de mal pode acontecer-me. 



Não quero ir embora. O vendedor chega, oferecendo-me ajuda, e digo que só estou olhando. "Me refazendo," digo a ele, e ele sorri, e tenho certeza de que me entendeu. retira-se discreta e reverentemente, deixando-me à sós com a beleza. Mas o mundo lá fora me chama... há as urgências: aulas a serem preparadas, alunos chegando, jardineiro aguardando o lanche da tarde.

Dirijo-me à saída carregando uma caixa com a orquídea e a bromélia que comprei. Sinto-me leve, refeita, energizada e totalmente feliz. Levo para casa um pedacinho daquela paz, que arrumo sobre o console da lareira. É reconfortante saber que aquele lugar estará ali amanhã, e depois, e depois...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Uma casa da Minha Infância




A gente tocava a campainha da casa na antiga Rua João Pessoa e a porta era aberta ao ter a maçaneta puxada por uma cordinha, onde, no final de uma escadaria de madeira, Tia Rosa nos esperava. Após as saudações, os adultos ficavam conversando na sala de pé-direito altíssimo e janelas enormes, enquanto as crianças iam brincar lá fora. Do quintal via-se os prédios altos e totalmente diferentes da casa antiga, perdida no meio daquela arquitetura moderna. Havia uma varanda comprida, com várias portas que deveriam ter sido quartos dos empregados da casa nos velhos tempos, mas um daqueles quartos era ocupado por gatos de todas as cores, tamanhos e espécies. Havia gatos pela casa toda.

Tia Rosa e Tia Nanina diziam que eles iam chegando e ficando. Eu adorava brincar com eles, embora  muitos fossem ariscos e fugissem quando eu me aproximava. 

Nos fundos da casa havia uma edícula onde as duas irmãs nos chamavam na hora do café. No primeiro andar, uma grande cozinha com chão de cimento queimado, e subindo uma escadinha lateral, chegávamos a um quarto onde havia uma cadeira de balanço, na qual eu adorava sentar-me, e um pequeno banheiro. Se subíssemos pelo morro nos fundos da casa, chegaríamos a uma outra casa, abandonada, cercada por pessegueiros e muito mato. Flores selvagens cresciam por lá, e a vista era linda! Via-se a torre da catedral, os topos dos prédios, as montanhas ao longe... só havia silêncio e pássaros. Nós, crianças, achávamos que a casa era assombrada. Meu sonho era morar nela!

Na hora do café - que só era oferecido quando nós, as visitas, nos levantávamos para ir embora - Tia Rosa e Tia Nanina esticavam uma toalha sobre a mesa de madeira, onde dispunham as xícaras remanescentes de vários aparelhos, com desenhos diferentes. Minha preferida era uma de bolinhas vermelhas. Às vezes, elas faziam bolo. Era uma delícia ficar ali, vendo-as bater a massa à mão, picar maçãs, acender o forno... eu adorava visitar a Tia Rosa!

E quando ela nos visitava, chegava trazendo sempre um saco de plástico trançado feito esteira, cheio de maçãs vermelhas e perfumadas. Toda vez que eu sinto o cheiro de maçãs, eu me lembro dela. Ela enxergava mal, e morávamos em uma casa com escadas de acesso. À noite, quando ela ia embora, a iluminação no topo das escadas não era suficiente para que ela enxergasse, e meu pai fazia tochas de jornal para iluminar melhor o caminho, enquanto a ajudava a descer as escadas até o táxi que a estava esperando para levá-la de volta para sua casa na Rua João Pessoa.

Lembranças da minha infância, que ficarão para sempre...


Viktor Frankl




Viktor Frankl


"Existem sobre a terra duas raças humanas e realmente apenas essas duas: a "raça" das pessoas direitas e a das pessoas torpes."



"Quem tem um 'porquê' enfrenta qualquer 'como'."



"Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos."



"A vontade de humor -- a tentativa de enxergar as coisas numa perspectiva engraçada -- constitui um truque útil para a arte de viver."





Um curto trecho do prefácio de seu livro  "Man's search for meaning:"


"O escritor e psiquiatra Viktor Frankl costuma perguntar a seus pacientes quando
estão sofrendo muitos tormentos grandes e pequenos "Por que não opta pelo
suicídio?" É a partir das respostas a esta pergunta que ele encontra,
freqüentemente, as linhas centrais da psicoterapia a ser usada. Num caso, a pessoa
se agarra ao amor pelos filhos; em outro, há um talento para ser usado, e, num
terceiro caso, velhas recordações que vale a pena preservar. Costurar estes débeis
filamentos de uma vida semi-destruída e construir com eles, um padrão firme, com
um significado e uma responsabilidade - este é o objetivo e o desafio da logoterapia,
versão da moderna análise existencial elaborada pelo próprio Dr. Frankl. 

..........................

No campo de concentração todas as circunstâncias conspiram para fazer o
prisioneiro perder seu controle. Todos os objetivos comuns da vida estão desfeitos.
A única coisa que sobrou é "a última liberdade humana" - a capacidade de escolher
a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias".
Esta liberdade última, reconhecida pelos antigos estoicos e pelos modernos
existencialistas, assume um vívido significado na história de Frankl. Os prisioneiros
eram apenas cidadãos comuns; mas alguns, pelo menos, comprovaram a
capacidade humana de erguer-se acima do seu destino externo ao optarem por
serem "dignos do seu sofrimento". 




Um trecho do livro:



O destino - um presente

 Da maneira com que uma pessoa assume o seu destino inevitável, assumindo com
esse destino todo o sofrimento que se lhe impõe, nisso se revela, mesmo nas mais
difíceis situações, mesmo no último minuto de sua vida, uma abundância de possibilidades de dar sentido à existência. Depende se a pessoa permanece
corajosa e valorosa, digna e desinteressada, ou se na luta levada ao extremo pela
auto-preservação ela esquece sua humanidade e acaba tornando-se por completo
aquele animal gregário, conforme nos sugeriu a psicologia do prisioneiro do campo
de concentração. Dependendo da atitude que tomar, a pessoa realiza ou não os
valores que lhe são oferecidos pela situação sofrida e pelo seu pesado destino. Ela
então será "digna do tormento", ou não.
 Ninguém pense que essas reflexões estejam distantes da realidade da vida e do
mundo. Sem dúvida, poucas e raras são as pessoas capazes e à altura dessa
elevada proposta. Pois poucos foram os que no campo de concentração mantiveram
a sua plena liberdade interior e puderam alçar-se à realização daqueles valores
possibilitada pelo sofrimento. E mesmo que tivesse sido um único apenas - ele
bastaria como testemunho para o fato de que a pessoa interiormente pode ser mais
forte que seu destino exterior, e isto não somente no campo de concentração.
Sempre e em toda parte a pessoa está colocada diante da decisão de transformar a
sua situação de mero sofrimento numa produção interior de valores. Tomemos o
caso dos doentes, particularmente os incuráveis. Li certa vez a carta de um paciente
relativamente jovem comunicando ao seu amigo que acabara de ficar sabendo que
sua vida não duraria muito mais e que mesmo uma operação não o salvaria. Mas
escrevia ainda nesta carta que justamente agora se lembrava de um filme no qual
um homem encarava a sua morte com disposição, dignidade e coragem. Naquela
ocasião, quando assistiu o filme, este nosso paciente pensara que só pode ser "um
presente do céu" caminhar em direção à morte com essa atitude, de cabeça erguida,
e agora - escrevia ele – seu destino lhe dera essa chance.
 Anos atrás vimos outro filme, "Ressurreição", baseado num romance de Tolstoi.
Quem então não pensou a mesma coisa: Que destinos grandiosos, quão grandes
personalidades! Nós de certo não teremos um destino tão glorioso e por isso jamais
poderemos alcançar semelhante grandeza humana. . . Terminada a sessão de
cinema, íamos tomar um café, comer um sanduíche e acabávamos com essas
estranhas idéias metafísicas que por um momento haviam cruzado nosso
pensamento. Mas quando a gente mesmo se via colocado perante um destino
grandioso, quando a gente mesmo se defrontava com a decisão de fazer frente ao
destino com grandeza interior própria, já tínhamos esquecido aqueles propósitos
pouco sérios e acabávamos falhando. . .
 Para este ou aquele, entretanto, talvez tenha chegado o dia em que estava
novamente sentado no cinema assistindo ao mesmo filme, ou a um filme
semelhante, enquanto que interiormente o seu olhar imaginativo assistia
simultaneamente ao filme de lembrança, de lembrança daquelas que jamais
realizaram em sua vida tudo isso, e mais ainda do que o pode mostrar uma
produção cinematográfica de cunho sentimental. Quem sabe, então nos ocorre esse
ou aquele detalhe dessa ou daquela história da grandeza interior de determinada
pessoa - como por exemplo a história de uma mulher jovem morrendo no campo de
concentração, da qual fui testemunha. A história é singela, não há muito o que
contar, e mesmo assim ela soará como que inventada, de tão poética que ela se me
afigura.
 Essa jovem mulher sabia que teria que morrer nos próximos dias. Quando falei com
ela, ainda assim estava bem disposta.
 "Sou grata a meu destino por ser assim tão duro comigo", foi o que ela me disse
textualmente, "pois em minha vida burguesa anterior eu estive mal-acomodada
demais e minhas ambições espirituais não eram lá muito sérias." Em seus últimos dias ela estava completamente ensimesmada. "Essa árvore ali é única amiga em
minhas solidões", disse-me ela apontando pela janela do barracão. Lá fora um
castanheiro estava em plena florescência e do catre da enferma podia-se enxergar,
pela pequena janela do barracão da enfermaria, um único ramo verdejante com
duas flores. "Com essa árvore eu converso muitas vezes", disse ela. Fico meio
desconcertado, sem saber como interpretar as suas palavras: Estaria ela sofrendo
de alucinações e delírios? Por isso lhe pergunto se a árvore também lhe responde -
sim? - e que lhe estaria dizendo. Respondeu-me: "Ela me disse, estou aqui, eu -
estou - aqui - eu sou a vida, a vida eterna..." 





terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Segredos




Te disse que eu não tinha tempo,
Mas cismaste em confessar
Aos meus ouvidos apressados
Os teus segredos guardados!

Metade ficou derramada
Nas águas turvas do lago,
Naquelas águas cansadas
Onde já não há mais barcos...

Uma parte foi levada
Pelo vento, em céu nublado,
Caiu em gotas de chuva
Teu coração salpicado...

A última parte, eu ouvi,
Mas confesso, não guardei...
Eu disse que eu não tinha tempo,
Por isso, eu não te escutei...


domingo, 4 de janeiro de 2015

INVERSÃO SURREAL










VIVER É INTERPRETAR






O que você vê quando olha para o céu à noite? Os que focam na superfície miram as estrelas, a lua, algumas nuvens talvez. Mas há aqueles que procuram por algo mais, coisas que geralmente as pessoas não enxergam. Munem-se de telescópios poderosos ou simples lunetas - dependendo do seu desejo. Enxergam planetas, satélites, galáxias. Assim, acham que já viram tudo e que sabem tudo a respeito do universo.

Mas existem aqueles que, ao olhar para um céu estrelado, enxergam além das estrelas simplesmente fechando os olhos e sentindo que elas tem muitas histórias para contar, mas que nós não entendemos a sua linguagem. Tentamos interpretá-la através da poesia, da música, da pintura, enfim, através de todo tipo de arte, e também, das religiões. Assim, vão surgindo varias interpretações e teorias. Eu creio que a teoria mais completa, mais espiritualizada, mais bela e mais profunda, não chega nem a arranhar a superfície da verdade sobre as estrelas e galáxias, sobre o céu, os planetas, os buracos negros e as nebulosas. Existe tanta coisa que não sabemos!

Eu posso apenas dizer que acredito que haja vida em outros lugares além daqui. Não sei de que espécie, não sei se mais ou se menos evoluída. Também acredito na sobrevivência da alma após a morte. Acredito que a maioria das pessoas que dizem terem visto ou interagido com seres mágicos como fadas, duendes e espíritos, realmente viram alguma coisa que interpretaram através de suas crenças ou de seu conhecimento. Respeito-as. Antes de duvidar delas, pergunto-me: "O que eu sei?" Isso é o bastante para que eu me cale. 

Também sei que cada pessoa é um universo, mesmo as que nem sequer se dão conta disso. Todo mundo tem seus motivos para ser como é e sentir o que sente, reagindo da maneira que aprendeu e acredita ser a correta. Ando aprendendo que até mesmo aqueles que me feriram ao longo do caminho, tenham seus motivos para agir como agiram - o que não significa que eu deva expor-me aos seus desmandos. A eles, desejo toda paz que puderem alcançar, aceitando que cada um tem seu tempo e seu modo de aprender, pois é seguido por uma história de vida, onde deram-se fatos que a grande maioria ignora.

Assim como todos, estou no caminho da evolução, pois o universo só permite este caminho, e espero - sei - que um dia, alcançarei um bom nível. Quero ser capaz de olhar para todos e ver apenas o que eles tem de bom a oferecer, mas ainda não consegui alcançar este patamar. Talvez seja a minha hora de aprender de outra maneira, de aprender também sobre o mal, quem sabe... porque ele existe. E se não trilharmos seu caminho e aprendermos a reconhecê-lo e a lidar com ele apropriadamente, cairemos sempre em suas armadilhas. Mas enxergá-lo não significa agir através dele. Mas ele exige uma resposta. Quando ignorado, ele cresce. O mal não admite ser ignorado. Gostaria de ter o poder ou a habilidade de neutralizá-lo com palavras de amor, com compreensão, com paciência, mas ainda estou no início do meu caminho... não posso fingir que sou diferente do que sou.

Tenho uma história atrás de mim que só eu conheço. Você também tem uma história que só você conhece. Respeito a sua. Espero que respeite a minha.

Que em 2015 possamos todos enxergar além das estrelas. Que possamos aprender a enxergar o medo que se esconde por trás das atitudes que ferem, a dor que se esconde por trás de quem provoca lágrimas nos outros, o amor por trás da aparente indiferença. Às vezes, o amor também precisa retirar-se para que o outro possa crescer. Mas isso não significa que ele tenha morrido; apenas descansa, observa e torce para que haja um momento em que aqueles que nos ferem possam aprender, finalmente, a enxergar além das estrelas, e a viajar para fora de seus próprios buracos negros.

Um ano novo de paz e descobertas, é o que eu desejo a todos, inclusive, a mim mesma.

E quanto às frutas e verduras...




Vínhamos percebendo que nunca dávamos conta de comer todas as frutas que comprávamos. Chegávamos do supermercado ou da quitanda e arrumávamos as frutas em uma cesta na cozinha. Ficava um arranjo bonito, mas na hora de comer, a preguiça de lavar e/ou descascar as frutas, principalmente as mais complicadas, como o abacaxi, fazia com que decidíssemos por outros alimentos menos saudáveis, mas de rápido consumo, como biscoitos e pães.

Um dia, enquanto fazíamos compras no mercado, eu tive uma ideia: aumentei minha família de potes herméticos comprando um novo conjunto com vários tamanhos. Em casa, após lavar os potes, lavei também as frutas - peras, maçãs, uvas - já deixando-os prontinhos para comer dentro do pote maior. As outras frutas, como o abacaxi, melão e mamão, coloquei já descascadas e picadas, cada qual em um pote separado. Resultado: deu vontade de comer fruta ou fazer suco ou sorvete, é só pegar a fruta na geladeira, prontinha para consumo!

Quantas frutas se estragaram depois disso? Nenhuma! Deu um trabalhão; passei mais de uma hora fazendo isso, mas valeu a pena. Afinal, organizar dá trabalho.

Fiz o  mesmo com as hortaliças, assim que cheguei: lavei tudo e coloquei as folhas arrumadas e secas dentro de uma panela grande de alumínio. As folhas se conservam crocantes por muito mais tempo -semanas a fio - quando conservadas em panelas ou recipientes de alumínio. Na hora da salada, é só pegar e comer! Grau de desperdício: zero!

Também fica uma delícia pegar aquelas partes que todo mundo joga fora, como talos de couve e espinafre, e refogar junto com o arroz. Comida verdinha e cheia de fibra. 

Não é fácil chegar cansada do calorão do mercado e ir para a cozinha, mas garanto que o trabalhão compensa.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...