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segunda-feira, 11 de setembro de 2023

TE OUÇO

 

 





Porque é a vida,

E porque há vindas

E por que há idas...

 

Ninguém escapará

Desse ir e vir,

Ninguém vai ficar...

 

E hoje, eu te ouço,

Ah, voz que não fala,

No som do silêncio...

 

À porta de casa,

No meio da sala,

No meu desalento...

 

Mas mesmo sabendo

De toda a saudade,

Da dor que hoje sei,

 

Eu tudo faria

Ainda uma vez,

E mais outra vez!

 

Porque nessa vida,

Deixar de amar

Por medo da dor,

 

É só covardia,

É um condenar-se

A um vil desamor...

 

 

Hoje, quando penso na Leona, no Aleph, na Latifah e em todos os animaizinhos que tive e que perdi ao longo da vida, sinto muita gratidão porque os céus me deram a honra de cuidar deles aqui, de amparar suas vidas em minhas mãos, e de ter tido a chance de rir muito com eles, desfrutar muitas tardes sentada com eles na varanda escutando as cigarras e os grilos ao chegar da noite, e de poder chegar em casa e ter suas festinhas e demonstrações de alegria só pela minha simples presença.

 

Agradeço por desfrutar de sua proteção, companhia, amor, cumplicidade, e poder ter aprendido tantas coisas através deles e contribuído para a evolução deles como seres espirituais que são. Gosto de imaginar uma casinha azul lá longe, num lugar onde não sei, onde eles todos estão sendo cuidados e me esperam. E mesmo que essa casinha esteja apenas na minha imaginação, é bom ter em mente essa fantasia que me consola e que me ajuda a caminhar sem a presença deles.

 

Fico tão triste quando vejo animais sendo maltratados, principalmente quando são maltratados  por seus tutores, que os espancam, abandonam ou acorrentam! 

 

Minha irmã já recolheu vários desses animaizinhos quebrados, e consertou-os, restaurando a saúde física e emocional deles, cuidando deles até o final de suas vidas. Eu não tenho essa estrutura emocional que ela tem para consertar almas.

 

E ontem ela trouxe aqui em casa o Pipoca, uma dessas criaturinhas quebradas e restauradas, e ele veio para brincar um pouco com o meu Mootley que ainda está enlutado pela perda da Leona, sua amiga há 9 anos. Os dois pareciam já se conhecer há muito tempo, pois a amizade que demonstraram um pelo outro foi instantânea. 

 

Depois que o Pipoca foi embora com minha irmã e minha sobrinha, o Mootley comeu sua ração pela primera vez em duas semanas. Antes, só comia alguns pedacinhos de frango e biscoitos. A presença deles aqui em casa parece ter limpado um pouco a tristeza do ar. Foi bom ter pessoas em volta da mesa, vozes, cãezinhos brincando de novo no jardim. 

 

E assim a gente vai vivendo, e se despedindo da minha Leona. Porque todo adeus causado pela morte é adeus para sempre. Mesmo assim, gosto de pensar na casinha azul.

 


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

OSHO E A RESILIÊNCIA

 

 

 

 

OSHO E A RESILIÊNCIA

 

Por que será que eu nunca ouço as mensagens - ou, se as ouço, não acredito nelas? Porque às vezes, aquilo que elas trazem vai de encontro ao que desejamos que aconteça, então tentamos distorcer as mensagens que as vida nos dá a fim e nos preparar para certos eventos.

 

Há poucos dias caiu em minhas mãos o livro de Pema Chodron Palavras Essenciais, que fala sobre resiliência, sobre deixar ir, sobre a importância de aceitar aquilo que a vida nos traz, seja "bom" ou "ruim", e sempre aprender algo através daquilo. E eu li o livro vagarosamente, talvez porque eu, instintivamente, sabia que ao finalizá-lo, teria que colocar em prática aquilo que li. E foi a mais pura verdade. Tive que provar a mim mesma que havia entendido a mensagem do livro.

 

Em uma das mensagens, ela diz:

 

"A vida é uma boa professora e amiga. Se pudéssemos perceber, veríamos que tudo está sempre em transição. No fim, nada é como sonhamos. Esse estado descentralizado e indefinido representa a situação ideal. Nesse ponto, não estamos presos a nada e podemos abrir o coração e a mente além de qualquer limite. Essa é uma situação sem agressividade, muito frágil e aberta."

 

Todo o livro é sobre deixar ir, sobre a importância da aceitação. E Eu apenas li, sem perceber o que estava se preparando em volta de mim, achando tudo lindo e maravilhoso - afinal, o que eu mais pedira estava acontecendo. Mas é muito fácil concordar com uma bela mensagem quando tudo está correndo exatamente (mesmo que aparentemente) da maneira que queremos. Mas quando tudo desmorona, não é tão fácil assim aceitar e seguir em frente.

 

E após a minha aparente perda, ao tentar obter uma mensagem com o tarô de Osho, por três vezes seguidas saiu-me esta mensagem: 

 

 

 

DEIXANDO IR

 

“Tirar esta carta em uma leitura é o reconhecimento de que alguma coisa acabou, de que algo está se completando. Seja o que for - um emprego, um relacionamento, um lar que você amou, qualquer coisa que possa tê-lo ajudado a definir quem você é - é hora de deixar para trás, permitindo qualquer tristeza que surja, mas sem tentar se agarrar ao que se completou. Alguma coisa maior está esperando por você: há novas dimensões a serem descobertas. Você ultrapassou o ponto a partir do qual não há volta, e a gravidade está cumprindo a sua função. Não resista: isso significa libertação”.

 

E algumas pessoas me disseram: "Nada é em vão. confie."

 

Aos poucos, estamos emergindo. A dor está se transformando em uma doce saudade, cheia de gratidão pelas memórias lindas que construímos nesses nove anos de convivência. Ela nos ensinou muito: a amar, a ter paciência, a aproveitar cada minuto do dia, a rir sem limites. Um simples cão pode nos ensinar tantas coisas, e vale por anos de terapia, se prestarmos atenção. E eu prestei. Disso eu não me culpo: estive com ela a maior parte do meu tempo nesses nove anos, sentei-me com ela na grama, brinquei com ela, fiz de tudo para tê-la ao nosso lado como um membro da família, dando-lhe conforto, segurança, amor, ótima comida, casinha muito confortável e limpa, os melhores cuidados veterinários possíveis, acesso ao interior de nossa casa. Ela nunca foi excluída.

 

Pouquíssimas vezes estivemos fora nestes muitos anos, e todas as vezes, fizemos com que nossos cães fossem cuidados por pessoas de confiança que vinham aqui para passar a noite e cuidar deles durante o dia, para que não ficassem sós durante muitas horas. E essas pessoas mandavam-nos fotos e vídeos que nos asseguravam de que eles estavam bem. Nunca deixei meus cães abandonados. Não carregamos qualquer tipo de culpa em relação a eles.

 

Hoje tentamos reconstruir nossas vidas nesse novo formato, dando mais carinho ao nosso cãozinho que ficou. Estamos construindo novas memórias junto com ele, criando novos momentos juntos, tentando continuar da melhor forma possível. E vamos conseguir, já conseguimos antes. Sabemos o caminho. Eu aprendi a entrar e a sair desse labirinto.

 

 



quinta-feira, 31 de agosto de 2023

SEJA O QUE FOR


SEJA O QUE FOR

Seja o que for, vai passar; se estiver vivendo momentos felizes – e geralmente, eles não vêm com etiquetas luxuosas, mas trazem elementos como um passeio à pé com o cachorro, tomar café com pão de tardinha na mesa da cozinha, rir de um filme engraçado, escutar música ao anoitecer, ou simplesmente, chegar ao supermercado e poder comprar a sua comida – aproveite, viva, valorize. Uma voltinha no shopping, comprar uma roupa nova, encontrar amigos, estar com pessoas que você gosta – tudo isso é o que menos valorizamos enquanto estamos vivendo.

E se você estiver passando por momentos ruins que parecem infindáveis, e a dor de vivê-los for quase insuportável, causando aquele aperto de ansiedade no plexo solar e fazendo com que seu primeiro pensamento ao acordar seja sobre o que te machuca, seja o que for, vai passar. Um dia, passa.

Já vivi várias ocasiões muito difíceis que eu achei que nunca fossem acabar. Mas elas acabaram. Um dia, acordei me sentindo menos triste. E desde então, fui melhorando até poder sorrir de novo de verdade. É assim com todo mundo. Basta que não nos agarremos à dor, mas que deixemos ela se curar quando chegar o momento. Acho até que a cura é uma reação química do organismo, ele precisa se curar para que a vida possa continuar. Talvez seja algo hormonal. Mas é que às vezes nós não achamos justo que estejamos bem quando aquele ser que tanto amamos nos abandonou ou morreu.  Olhamos as fotos daquela criatura que parecia tão saudável, tão bonita, e dá uma sensação de que aquilo simplesmente não pode ter acontecido.

Mas quanto mais cedo aceitarmos que aquilo aconteceu, melhor.

Gosto de assistir a filmes ou vídeos ou ler livros que retratem o que estou sentindo, pois assim é mais fácil aceitar a realidade de que não é só comigo, mas que é parte da vida. Isso me ajuda. E é claro, escrever, escrever, escrever... colocar para fora o que estou sentindo. Ajuda a dimensionar melhor os acontecimentos. Ajuda a aceitar.

Dificilmente achamos alguém que nos ouça nestas ocasiões. As pessoas não querem saber de tristeza. As pessoas só querem “ser felizes” o tempo todo. A dor alheia as faz lembrar das próprias dores que elas nunca têm a coragem de enfrentar, mas que socam lá para o fundo de si mesmas, negam, selam o pacote com um sorriso amarelo, daqueles de rede social,  e fingem que está tudo bem. Mas não é culpa delas. Cada um tem a sua forma de reagir. E como é assim, melhor nem procurar alguém para desabafar; as pessoas não estão dispostas a ouvir.

Escreva. Fale sozinho, reze, pague um analista (embora eu não goste da ideia de ter que pagar para ser ouvida, prefiro escrever). Mas viva seu luto até o final. Não deixe que tentem “te alegrar.” As pessoas que fazem isso não sabem o quanto são inadequadas. Melhor que te deixem em paz. E se estiver muito, mas  muito difícil, se o tempo for passando e você sentir que não dá para sair dessa sozinho, procure ajuda profissional, tome remédios (alguém me disse isso, e ela está certa). Só sei que um dia, o sol brilha de novo. Um dia, a dor passa e ficam as boas lembranças.

Já passei por isso muitas vezes, e cada vez é única, o sentimento é diferente, a dor pode ser mais ou menos intensa, mas o desfecho tem sido o mesmo: passa.








segunda-feira, 14 de agosto de 2023

MEU PAI

 

Minha irmã me mandou esta foto. Eu não tinha.



MEU PAI

 

 

Meu pai era um homem humilde. Sempre trabalhou, desde os 14 anos de idade. Sendo o irmão mais velho entre treze irmãos, precisava ajudar nas despesas da casa. 

 

Meu pai só estudou até a quarta série primária, mas tinha um talento nato para a matemática: era capaz de fazer grandes contas "de cabeça" sem errar. Se tivesse tido a oportunidade de estudar, talvez tivesse se tornado um arquiteto, engenheiro ou professor de matemática. Trabalhava como serralheiro, e amava a sua profissão. Porém, apesar de ser um dos melhores serralheiros da cidade, não sabia cobrar pelos seu serviços, e sempre acabava ganhando muito pouco e trabalhando muito. Mas penso que para ele, o trabalho era mais importante do que o dinheiro. Teve a chance de ter um negócio próprio, e algumas pessoas ofereceram-lhe sociedade, mas ele nunca se interessou. 

 

Meu pai era conhecido no bairro como sendo um pai severo: nossos amigos meninos morriam de medo dele, e na rua, todas as crianças o respeitavam. Porém, nunca conheci alguém que não gostasse do meu pai, e não me lembro de alguma vez vê-lo metido em alguma briga ou confusão, ou sendo mal-educado com alguém. Acho até que, por ser gentil demais, as pessoas às vezes abusavam de sua boa vontade.

 

Nós, como filhos, também o respeitávamos (acho que eram tempos em que respeitar os pais não era uma escolha: as crianças simplesmente sempre faziam isso, e não conheciam outro tipo de comportamento. Bem diferente dos dias de hoje).

 

Meu pai passou rapidamente por esse mundo: aos cinquenta e poucos anos teve um enfarto, e então descobriu que tinha uma doença no coração. Depois daquilo, viveu até os sessenta e dois anos e teve que se aposentar mais cedo do que desejava. Seu trabalho era pesado, e ele não podia mais carregar suas grades e portões de ferro. Talvez hoje houvesse um tratamento para o problema dele, quem sabe.

 

Quando ele morreu, eu estava no trabalho. Eu tinha 22 anos. Me lembro da última vez que o vi, naquele mesmo dia, na hora do almoço. Nós almoçamos juntos - eu sempre almoçava em casa. Ele estava bem alegre. Tinha vindo do mercado, onde comprou um saco de biscoitos, arroz, feijão, farinha, açúcar, café, óleo de soja, batatas. Ele fazia questão de manter a casa abastecida, pois tinha medo de morrer e deixar a mim, única filha ainda solteira,  e à minha mãe desamparadas. Bem, nós almoçamos e ele disse: "Vou jogar cartas agora." Saiu pela porta da cozinha e nunca mais entrou.

 

Ele costumava jogar cartas na casa de uns amigos do bairro quase todos os dias. 

 

De uma coisa eu me lembro bem daquele último almoço: pela primeira vez em anos, eu olhei para ele de verdade: vi suas mãos segurando o garfo e levando a comida à boca. Vi sua camisa aberta no peito (estava calor) e percebi seu cabelo branco penteado para trás. Vi ele desaparecer pela porta pela última vez, sem saber que seria a última, e tive uma sensação estranha. Mas fui trabalhar.

 

Algumas horas depois, quando eu já estava no trabalho, choveu. Houve uma enchente em Petrópolis. Ficamos todos ilhados no centro da cidade, e carros não passavam. Naquela hora, meu pai morria, sem que a ambulância conseguisse chegar até aonde ele estava. Era Fevereiro de 1986.

 

Lembro-me de minha irmã entrando na loja onde eu trabalhava depois que a água baixou: estava branca e descabelada. Logo percebi que havia algo errado. Ela disse: "É o pai. Ele passou mal." E eu respondi: "Ele morreu, não é?" Ela disse: "É."

 

E foi assim.

 

Meu pai foi uma pessoa como tantas outras que veio a esse mundo e se foi quase em branco, quase sem ser percebido. A maioria de nós vivemos e morremos desse jeito. Dá uma sensação de que a vida é besta, mas a vida é só a vida. E a maioria de nós chegamos e saímos daqui sem jamais entender o que ela é. Outra parte fica tentando ensinar aos outros o que é a vida, pois acreditam-se "Iluminados" ou "escolhidos." Mas na verdade, sabem tanto quanto ou até menos que nós.

 

Melhor viver cada dia da melhor forma possível, sem muitos sobressaltos ou pretensões, aceitando com resiliência o que a vida nos traz - modificando uma coisa ou outra, quando possível, mas aceitando o que não pode ser mudado e tentando se divertir um pouco no meio disso tudo.

 

 

 

 




quarta-feira, 5 de julho de 2023

ABANDONE A ESPERANÇA

 

 

 

ABANDONE A ESPERANÇA

 

Em seu livro "Palavras Essenciais" Pema Chödrön nos diz que do outro lado da esperança está o medo, e que onde há esperança há também o medo. Uma coisa não existe sem a outra.

 

Talvez seja o caso de não ter esperanças, e sim, fé, essa palavrinha tão pequenininha e difícil de se entender (e que não tem nada a ver com religiosidade, embora possa estar presente nela). A gente joga tudo no Universo, que sabe de tudo muito melhor do que a gente, e espera - mas sem ter esperanças. 

 

A gente apenas aguarda sabendo que existe uma inteligência por trás de todos os acontecimentos, e que não somos queridinhos mimados de ninguém para pensarmos que apenas por desejarmos que algo aconteça, acontecerá. A gente aguarda com paciência, mas mantendo sempre uma boa dose de maturidade e resiliência, pois é impossível manipular o futuro.

 

No final, seja qual for o resultado, só nos resta agradecer e aprender. 

 

 



sexta-feira, 30 de junho de 2023

E A RODA GIRA, GIRA, GIRA...

 


 

A roda gira tanto, que as pessoas nem percebem o quanto estão  tontas. Algumas estão tão acostumadas ao sobe-e-desce que nem se importam mais. Nem percebem o quanto estão sendo manipuladas a estarem em cima e em baixo, conforme seja conveniente aos interesses de terceiros. Elas giram como macacos brincalhões, ora em cima, ora em baixo, animais estranhos usando trajes ridículos e alegóricos, achando-se espertos, donos de si, bem trajados.

 

E quem não ama um espetáculo circense? A turba furiosa de olhos dormentes adora observar os cristãos sendo devorados pelos leões. É fato histórico. 

 

No tarô, a carta A Roda da Fortuna mostra uma roda girando, e duas criaturas aparentemente entregando-se ao movimento. Suas faces parecem embotadas, e ninguém pode definir o que elas são ou o que eram antes de se transformarem nessas figuras animalescas indefiníveis. O que elas representam? Elas sequer sabem por que giram. É que sempre foi assim. O verbo é girar. Nunca saem do lugar, entretanto, pois a roda é presa ao chão.

 

Às vezes surge alguém que tenta acordá-las de seu transe, alguém que tenta sacudir e desprender do chão essa estrutura escravizante na qual se encontram, mas elas não querem isso, pois a comida cai na latinha todos os dias à mesma hora, e é isso que importa. Além disso, depois de tantos anos, sair da roda significaria ter que começar a pensar por si mesmo, e isso daria muito trabalho.

 

Elas servem ao terrível monstro alado - parte leão, parte abutre, parte homem. O monstro tem a espada. É ele quem toma conta da roda, e usa sua espada para destruir a qualquer um que tente contestar o funcionamento da roda. Porque a roda precisa continuar girando para que ele e seus iguais possam continuar a existir. 

 

As criaturas simiescas nem percebem que são elas que fazem a roda girar, e que se elas parassem de correr, estariam livres desse jugo. Elas poderiam fazer suas próprias escolhas. Elas poderiam desalojar quem as escraviza. 

 

Elas poderiam destruir a roda e partir para a estrada. 

 

Mas para a maioria desses seres dormentes, uma banana por dia é mais do que eles merecem. 

 

Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça. Quem tem olhos para ver, que enxergue.

 

 

 



segunda-feira, 19 de junho de 2023

QUEIRA O QUE É SEU



Seis e trinta  e cinco da manhã, e acordei inspirada a escrever esta crônica, sobre este assunto; exatamente este, e não sobre qualquer outro assunto: queira o que é seu.

Eu vejo muitas pessoas que, após alcançarem um objetivo, se esquecem de tudo o que passaram a fim de obtê-lo, e jamais estão satisfeitas. Querem sempre mais, e não dão valor ao que já conquistaram. Acho bom que tenhamos sonhos, que tentemos melhorar sempre, que tenhamos metas e desejos. Afinal, se não fosse assim, a vida seria chata. Porém, é importante valorizarmos nossas conquistas, mesmo que elas representem para nós apenas um começo daquilo que realmente desejamos, mas a insatisfação permanente, a ingratidão, a mania de reclamar, e principalmente, a de se comparar sempre, são coisas doentias.

Tem gente que têm como objetivo de vida alcançar uma posição que, neste momento, está sendo ocupada por outra pessoa. Assim, de maneira falsa e sorrateira, tentam se aproximar desta pessoa, cercá-la, a fim de aprender mais sobre ela e o que ela faz, e é exatamente assim que a admiração vira inveja. E os métodos utilizados por tais pessoas a fim de alcançarem aquilo que, na cabeça delas, "lhes pertence," são sempre vis; tão vis, que nem elas mesmas admitem. É incrível o quanto a vida vai passando e desfilando uma porção de oportunidades na frente delas, mas elas não enxergam, pois estão de olho no que é dos outros!

Deveriam se envergonhar. Alguns podem ficar anos nesta situação, focando naquilo que não é seu e almejando posições que eles não têm perfil ou competência pra exercer. Lançam pensamentos negativos em direção à pessoa que desejam "substituir" e algumas usam  recursos baixos, como difamação e até mesmo trabalhos espirituais encomendados, agindo sorrateiramente para derrubar o outro. Enquanto isso, a própria vida deles não sai do lugar, e eles nem percebem. Poderiam estar cuidando melhor do futuro, investindo em coisas que são realmente para eles segundo suas competências, mas só querem ocupar um lugar que não é e jamais será deles.

Tais pessoas - geralmente falsas, ambiciosas, oportunistas e sorrateiras - são aquelas que, após anos, olham para trás e percebem que não alcançaram nada na vida.

Nada. 

Suas vidas são como a história de um abutre que ficou muito tempo voando em volta de um cavalo que pastava tranquilamente no campo, esperando que este morresse para que pudesse se alimentar da sua carne. Enquanto isso, não se alimentava direito daquilo que a natureza lhe oferecia, e tornou-se magro, esquelético e doente. Acabou morrendo bem antes do cavalo que desejava devorar.

Não sinto pena de gente assim. Sinto desprezo.

Que a vida lhes traga exatamente aquilo que eles merecem.




 





segunda-feira, 29 de maio de 2023

SE VOCÊ PUDESSE VOLTAR NO TEMPO E DIZER ALGO A SI MESMO, O QUE DIRIA?




Esta pergunta faz parte de uma aula que eu criei. As respostas que recebi foram variadas. Mas deixo aqui a minha própria resposta:

Se eu pudesse voltar atrás e dizer algo a mim mesma, eu diria o seguinte:


a) Não acredite em tudo o que as pessoas dizem sobre a vida, sobre você, sobre as suas capacidades, sobre o que você pode/não pode ou deve/não deve fazer. Algumas decisões devem ser pessoais, e basear a vida tomando como definitivos os resultados das experiências alheias, é limitar-se voluntariamente e tornar-se insatisfeito e inseguro.

b) Vista o que gostar, sem se preocupar tanto com a moda ou com o que os outros vão pensar. A moda é estar bem dentro da roupa que você gosta. Ponto.

c) Cuide do seu corpo – exercite-se, coma direito, durma bem, faça checkups de vez em quando. Isso pode evitar muitos problemas na idade avançada. É claro que algumas doenças virão, independentemente do quanto você se cuida (meu sobrinho morreu de câncer aos 24 anos, e ele se cuidava muito), mas pelo menos você saberá que fez o melhor, e evitará ou amenizará a maioria delas.

d) Escreva. Não importa se ninguém vai ler, escreva para você. É a melhor forma de terapia. Escreva diários, cartas, poemas, crônicas, histórias. Publique seus contos, crônicas e poemas se quiser, mesmo sabendo que dificilmente você vai virar escritor só porque escreve. As cartas, envie-as se achar apropriado (ou mesmo se não achar apropriado, pois estas são as que você mais precisa dizer às pessoas). Os diários, queime todos eles. Ou guarde em algum lugar secreto para ler mais tarde e ver o quanto aquela pessoa que os escreveu não tem mais nada a ver com você.

e) Não dê espaço a pessoas tóxicas na sua vida. Tem gente que não adianta: não toma jeito, não melhora, nunca vai gostar de você, nunca vai ter uma atitude positiva que seja a respeito do que você é. Algumas pessoas jamais vão aceitar você, e quanto mais cedo você compreender isso, melhor será, pois assim, não passará anos da sua vida se importando ou se magoando com elas.

f) Descubra o que você quer fazer da sua vida. Seu trabalho tem que ser algo que você goste, e embora o dinheiro seja muito importante, se você se basear apenas nele ao escolher uma carreira, ela será curta, pois você vai adoecer e morrer antes e deixará todo o seu dinheiro para outras pessoas desfrutarem. Que seu trabalho possa oferecer a você algum tempo livre para curtir a vida, dinheiro para pagar pelas suas curtidas e muita, mas muita satisfação pessoal.

g) Jamais inveje ninguém. Toda inveja é um certificado de incompetência que você entrega a si mesmo. Se você passar mais tempo amando a si mesmo e se valorizando, ao invés de se comparando e competindo com os outros, não será uma pessoa amarga e infeliz. O problema não é o que o outro está realizando, mas o quanto você ama a si mesmo e deseja realizar. 

h) Não queria ser mais do que você pode. Esse papo “coach” de “Você pode ser tudo” é uma idiotice enorme. Você não precisa fazer coisas estúpidas, como  andar sobre brasas, subir montanhas durante tempestades ou dizer frases de efeito repetidamente para conseguir ser feliz e bem sucedido. Foque nos seus talentos naturais e você tende a se dar bem na vida. Ninguém pode ser tudo, tem coisas que são para a gente, e outras que não são. 

i) Desconfie de quem te elogia demasiadamente. Desconfie de quem diz que vai realizar o sonho da sua vida. Desconfie de quem diz que você pode confiar neles cegamente. Desconfie de quem sempre procura por você apenas quando precisa de alguma coisa. Desconfie de quem se vitimiza. Enfim, desconfie sempre. Confie só se valer a pena. Observe. Ouça. Desmistifique. 

j) Não faça algo apenas porque é isso que todo mundo tem feito. Casar, ter filhos, arranjar um emprego em uma firma confiável, ou seja, ter na cabeça aquela formulazinha de vida aceitável só para agradar aos outros, só para fazer o que é politicamente correto, tradicional, certinho, aceitável... seja o que você achar que deve ser, faça o que quiser da sua vida, mas seja racional e cuidadoso, pois fazer o que quer da sua vida não tem nada a ver com estragá-la. 

k) Não leve desaforo para casa, não engula injúrias, não internalize indiretas alheias. Cuspa-as fora. Pise em cima delas, enterre-as, queime-as, e se achar necessário, responda à altura, pois pessoas folgadas e sem noção são folgadas e sem noção com quem permite que elas sejam. 


Enfim, se eu pudesse voltar atrás, seriam essas as coisas que eu diria a mim mesma. Deve haver mais coisas. Mas no momento, é destas que eu me lembro.






quinta-feira, 20 de abril de 2023

EXERCÍCIO & SACRIFÍCIO

 

 

 

 


 

Devido a problemas de saúde (genética estragada e idade avançada) precisei começar um programa de exercícios. Já que detesto o ambiente das academias e devido ao meu trabalho eu não teria tempo de frequentá-las, mesmo se eu quisesse,  decidi começar em casa mesmo. Comprei um simulador de caminhada e desenterrei meus pesinhos de 3 kg, da época em que eu frequentava academia, há alguns milênios.

 

Me exercito quase todos os dias há mais de um mês (pulo um ou outro se estiver muito cansada). De manhã bem cedo, começo com 15 minutos de musculação e cinco a dez minutos de alongamento. De vez em quando faço uma aulinha do YouTube. Nas horas vagas, faço 30 minutos de caminhada no simulador (alternando alguns minutos de ritmo leve e outros de ritmo pesado até o final do exercício).

 

Se eu gosto?

 

Não. Odeio. Preferiria mil vezes assistir Netflix comendo chocolates.

Mas não é uma escolha, é pela minha saúde.

O que notei:

 

- Os níveis de açúcar baixaram bastante, mesmo antes de eu começar o remédio para diabetes; caí de diabética para pré-diabética.

- As dores nos pés que eu tinha ao me levantar pela manhã desapareceram;

- Perdi peso – não sei quanto ainda, mas pelas roupas, deve ter sido algo em torno de 4 quilos.

- Os músculos estão mais tonificados;

- A pele melhorou;

-Tenho dormido melhor;

-Estou mais bem disposta, embora nada tão milagroso assim.

-Estou com um corpo bem mais flexível;

-A postura melhorou;

-Me sinto mais bonita, pois quando experimento as roupas que escolho em uma loja, elas me vestem bem e têm bom caimento. Não preciso mais procurar por algo “adequado” ao meu tipo físico, pois tudo que eu gosto me cai bem.

-Pareço mais alta, pois a postura melhorou (acho que já mencionei isso, né?).

 

Eu recomendo: não faça como eu: antes que a idade chegue e traga com ela altos níveis de glicose no sangue, colesterol nas alturas e dores pelo corpo, exercite-se. Antes que você engorde e comece a procurar pela sua auto estima todos os dias de manhã enquanto se arruma na frente do espelho, exercite-se. Antes que seu médico perca a paciência com você e passe a te ignorar (ele sabe que você não vai tomar jeito mesmo), exercite-se.

 

É fácil? Não. É agradável? Bem, para mim, não é não. Acho que nunca vou apreciar esses momentos. Detesto suar e me cansar.

 

Mas todos os dias eu subo na tal maquininha de caminhar que fica na minha varanda panorâmica e começo minha jornada, enquanto observo as árvores, o céu, os passarinhos... e trinta minutos passam como se fossem... três horas... mas passam.

 

Às vezes ponho um capítulo da minha série favorita e o assisto enquanto me exercito (e nunca desejei tanto que um capítulo acabasse logo).

 

O segredo é procurar uma coisa que a gente não odeie tanto fazer. Me ajeitei bem com a maquininha. Talvez você se sinta bem em uma academia, ou caminhando na rua, ou se exercitando sozinho com as aulinha do YouTube, que são de graça e oferecem programas para vários níveis de sedentarismo (hahaha). O importante é começar e ter compromisso, mas sem deixar de lembrar que ninguém é de ferro, e que pular um treininho na semana não vai matar. Afinal, você não deve nada a ninguém,  a não ser a si mesmo.

 

 

 



quarta-feira, 12 de abril de 2023

DALAI na LAMA

 


 



 Para quem ainda não sabe do que se trata esta fotografia, ela é sobre um evento que ocorreu há dois dias com a presença do "líder espiritual" Dalai Lama. Era um evento público, e um menino se aproxima do tal líder e este pede que ele o beije na boca; o menino, constrangido e sob risadas conciliadoras da audiência, o obedece. Então, após encará-lo por alguns segundos, Dalai Lama estende a língua e pede que o menino a sugue. As imagens estão desfocadas, então não sabemos se o menino o obedeceu; dizem que não. Mas fico pensando na exposição desta criança, e no efeito psicológico  que isso terá sobre ele durante todos os anos vindouros da sua vida.


 Porque uma pessoa que ele e sua família respeitam demonstrou que não tem respeito por eles, e revelou tendências pedófilas, além de humilhá-lo em público. Não sei se as risadas da platéia foram conciliatórias, do tipo "Sua Santidade está só brincando, pois sendo Sua Santidade, ele tem dieito a fazer o que quiser", ou se eles riram por constrangimento, por acharem que não havia mais nada que pudesse ser feito, ou talvez tenham rido de nervoso mesmo. Mas o fato é inegável, imperdoável, execrável.


 A lição que isso nos deixa é a de que não devemos - não podemos - confiar em ninguém, e muito menos, endeusar pessoas ou depender de alguém para nos desenvolvermos espiritualmente. Religiões são sobre ganhar dinheiro fácil às custas dos outros, e todos aqueles que pregam perfeição, impondo-a aos outros, têm suas podridões escondidas - e elas podem ser incomensuráveis. 


 Cristo não mandou ninguém fundar igrejas ou templos. Ele apenas pediu que espalhassem a Sua palavra. Buda iluminou-se debaixo de uma árvore, e não dentro de um templo, o que prova que há mais sabedoria em uma árvore e em sua contemplação do que em qualquer ser humano. Tudo o que precisamos saber está na natureza, e nós a trazemos dentro de nós. O local de onde surgem as nossas perguntas também guarda as respostas - pelo menos, aquelas que estamos preparados para ter, ou merecemos saber.


 Seja seu próprio guru.





 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

OVNIS ou?...

  





OVNIS OU?...

 

Fiquei pasma ao ser acordada por meu marido no sábado à noite. Ele disse: “O que eu vou te mostrar não é fake news.” Era a notícia de que o Canadá, em ação conjunta com os Estados Unidos, tinham derrubado um objeto voador não identificado que estaria “atrapalhando” as comunicações entre voos na região. Eles não sabem do que se trata (não é um balão-espião-metereológico chinês, como o que havia sido abatido anteriormente a este fato) e até agora, niguém tem certeza do que era.

Logo após esta notícia, chegou-me outra de que um novo objeto teria sido abatido em Montana, e à noite, já havia notícias de um terceiro que está sobre a China. Hoje de manhã o Canadá falava de um quarto objeto abatido. Ou seja: há coisas estranhas acontecendo.

 

E eu realmente preferiria que fossem Ets.

 

Porém, acredito que seja algo bem pior, pois assim que saiu a revelação de que foram os Estados Unidos que explodiram Nord Stream, na Rússia, usando mariners que implantaram explosivos que foram remotamente detonados, estes OVNIS começaram a aparecer. Talvez seja um fator de distração para que as pessoas se esqueçam daquilo que eles não querem que seja mais detalhadamente investigado.

 

 

Na verdade, ninguém sabe o que é, e talvez jamais fiquemos sabendo. Se forem objetos vindos de outros planetas, teremos mais um caso Roswell; colocarão panos quentes, afirmarão ser balões meteorológicos, algumas testemunhas desaparecerão do mapa, etc, etc, e ninguém mais falará no assunto diretamente, a não ser quando virar série da Netflix. E se toda essa história estiver sendo inventada pelos Estados Unidos a fim de encobrir alguma caca que eles fizeram recentemente, ou que estão planejando fazer, eles negarão até o fim e ainda sairão como heróis, culpando os russos e os chineses, como sempre.

 

Mas que existe alguma coisa estranha no ar, ah, isso existe! A mainstream media anda se debruçando sobre espirais que surgiram sobre a Noruega e o Havaí recentemente, e embora alguns tenham dito que sejam os satélites do Elon Musk ou mísseis disparados pela Rússia que falharam, dá para todo mundo ver que nada disso é verdade. O que serão as tais espirais no céu? O que serão as luzes verdes, parecidas com laser, que surgiram nos céus havaianos, e que alegaram ser produzidas por um satélite de monitoramento, sendo que a fabricante do satélite já afirmou que ele não emite luzes verdes ao operar?

E será que as autoridades canadenses e americanas se pronunciariam, com direito a NASA e tudo, se nada estivesse acontecendo?

 

E o que significa, pelo amor de Deus, o centro da Terra ter parado de girar?


Ficam as perguntas pairando no ar, como se fossem espirais...

 

E para quem duvida, basta ir ao YouTube ou Google e digitar “OVNIS sobre o Canada e EUA” e “espirais no Havaí” e vocês terão agências de notícias como CNN, UOL, BBC, Bandeirantes, SBT, Globo, etc, noticiando os fatos. Alguns oferecem explicações pueris enquanto outros dizem não ter a menor ideia do que se trata. E os vlogueiros, blogueiros, ‘espiritualistas’ e conspiradores bombam com vídeos sobre Ets, fim do mundo, Bíblia, Ashtar Sheeran, etc.

Prefiro esperar para ver no que vai (ou não vai) dar.

 

 

 

 



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Da Nuvem


Lembranças e imagens que a nuvem do Google Drive me mandou hoje. Entre essas pessoas, muitas já se foram.

Na primeira foto, estamos na Ilha de Paquetá. Eu tinha, talvez, oito anos - hoje tenho 57. Sou a que está de suéter quadriculado, tomando sorvete, encostada em meu cunhado, que naqueles tempos namorava minha irmã. Casaram-se e têm 3 filhos. Ao lado dele, minha irmã, e ao meu lado, minhas duas outras irmãs mais velhas e meu pai. Atrás de mim, a nossa mãe.

As demais pessoas eram vizinhos ou amigos. Não me lembro de todos.






Minha mãe, sentada com a mão na cabeça; eu, meu cunhado, minha sobrinha Rosane (falecida), minha irmã mais velha e minha outra irmã, perto da cadelinha Susie.


Batizado do meu sobrinho Daniel (hoje com mais de 30 anos de idade). As mesmas pessoas de sempre, a não ser pela Natália, minha sobrinha, irmã do Daniel - a que está no colo da minha irmã. Minha irmã Silvia e meu cunhado foram os padrinhos, e minha mãe, embora ela fosse apenas um pouco mais velha do que eu sou hoje, aparenta mais idade do que eu tenho.



O mesmo batizado. Vemos agora o meu outro cunhado, de barba, o Tiaguinho, meu sobrinho (hoje todas essas crianças têm mais de 30 anos de idade) E de pé à direita, a minha falecida sobrinha - a mesma que aparece bem pequenininha na segunda foto.



Aniversário. Nem me mais lembro quem são algumas dessas crianças.



As fotos nos ajudam a lembrar sobre a passagem do tempo, o quanto essa vida é breve, o quanto todos nós estamos fadados a desaparecer. Na foto abaixo, eu, nos dias atuais, durante o trabalho.

Antes da pandemia...




...depois da pandemia. Décadas em dois anos.


Ficam os bons momentos também, as coisas que valem a pena ser lembradas.

Porém, é incrível a gente perceber o quanto os relacionamentos mudam, as pessoas se afastam, crescem, vão embora, morrem... e isso se chama vida.
Na foto abaixo, meu falecido sobrinho e sua namorada. Ele já estava bastante doente aqui.




A história da nossa família começou aqui.
São meus pais.




E só Deus sabe quando ela terminará.








 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

AS LUZES DO MUNDO

 

(Crônica baseada em um poema de Lucia Bauer)

 



 

Ontem a noite estava cálida. Eu, meu marido e nossos dois cães nos sentamos no jardim, como sempre fazemos quando as noites estão bonitas. Estávamos um pouco cansados, pois tivéramos um dia cheio, apesar de estarmos aproveitando férias. O calor dá essa sensação de termos feito mais do que fizemos.

 

Gosto de me sentar em minha varanda ao entardecer - coisa que não posso fazer fora do período das férias - e ver as luzes das casas lá em baixo se acendendo aos poucos, enquanto os carros passam na ponte em direção às suas casas. Depois, começo a escutar cães latindo alegremente, saudando seus donos, crianças brincando e sons vindos de aparelhos de TV. Em seguida, vem os cheiros de comida: alguém está fritando um bife, cozinhando arroz, temperando o feijão.

 

Antes de entrarmos em casa, costumamos colocar os cachorros para dormir; sim, eu sou aquela doida que põe os cães para dormir, desejando-lhes boa noite e dizendo "Fiquem com Deus, São Francisco de Assis, São Lázaro e São Roque." A luz da área de serviço onde eles dormem estava acesa, e pedi ao meu marido que a apagasse para que a gente pudesse ver as estrelas. Eu estava olhando para o céu naquele momento e vendo apenas algumas delas, um tanto apagadinhas. Assim que ele desligou as luzes, o céu se cobriu de estrelas cintilantes. 

 

Para ver as estrelas como elas realmente são, com todo o brilho que elas têm, precisamos ficar no escuro. O excesso de luzes artificiais encobre essa visão. 

 

Para realmente ouvir alguma coisa, é necessário que haja silêncio; Para se ter uma visão verdadeira sobre o mundo, é necessário antes olhar para dentro e compreender (mesmo que parcialmente) o que vemos, quem somos. É necessário admitir erros, falhas de caráter, medos, invejas. E acima de tudo, desejar, realmente, mudar. E não é através da negação dos nossos defeitos que mudamos. Isso só acontece quando os aceitamos totalmente, sem nos condenarmos exageradamente, mas compreendendo que tudo o que sentimos e somos faz parte do caminho e nos conduz a um aprendizado maior.

 

E só podemos aprender de verdade sobre nós mesmos. De nada adianta querer interpretar a Deus, ou às outras pessoas. Quem sabe, se nos conhecermos, seremos capazes de conhecê-los um pouco também, mas sempre admitindo que podemos estar errados. Porém, quando nos enxergamos como somos, automaticamente a nossa visão sobre as outras pessoas e seus propósitos melhora bastante. Quando reconhecemos nelas um caminho pelo qual já passamos, fica mais fácil entender suas reais intenções.

 

É preciso mergulhar na escuridão para que possamos realmente  ver as estrelas, aqui do lado de fora.

 

É  assim dentro da gente também. 

 

 


domingo, 8 de janeiro de 2023

ENVELHECER





ENVELHECER

 

 

Me inscrevi em um canal no YouTube cuja proposta pensei ser, inicialmente, falar sobre o envelhecer.

 

Cancelei a inscrição após um dia.

 

O canal é uma sucessão de vídeos sobre mulheres velhas ou muito velhas dizendo que não estão velhas, que a velhice está apenas na cabeça. Elas usam maquiagem pesada e saem para dançar usando roupas de bailarinas de cabaré, afirmando sempre que a velhice não existe. Nos vídeos, a maioria das pessoas nesses grupos são de mulheres, e elas fazem questão de mostrar a quantidade de álcool que consumem durante seus “brindes à vida.”  Há poucos homens, o que faz com que elas acabem tendo que dançar umas com as outras durante o baile. Acho isso um espetáculo triste.

 

Nos comentários, algumas pessoas usam adjetivos que, ao meu ver, são muito pejorativos: “Vovós danadinhas!” “Isso mesmo, é preciso ter um coração jovem, que gracinha!”

 

Minha mãe frequentava esses grupos e ela me contava sobre as disputas das velhas pela companhia masculina – havia poucos homens – inclusive, minha mãe me contou que chegou a sofrer ameaças vindas de uma das velhas, que a abordou na rua, enquanto ela estava no ponto de ônibus, fazendo um pequeno escândalo e dizendo que ia bater nela se ela dançasse com o fulano outra vez. Minha mãe ficou um bom tempo sem voltar àquele clube. Detalhe: ela tinha mais de 80 anos quando aquilo aconteceu.

 

O que vou escrever aqui sobre o envelhecer é a minha visão, e entendo que há pessoas que enxergam isso de outra maneira, embora eu ache que elas estejam perdendo uma grande oportunidade de verdadeiramente amadurecer.


Não acho que velho tenha que ser triste ou austero o tempo todo, mas negar a velhice, na minha opinião, não é uma decisão inteligente. Imagino essas senhoras chegando em casa do baile, removendo a maquiagem pesada, a peruca, as roupas inadequadas de dançarinas de cabaré e os saltos torturantes, dando um suspiro de alívio ao entrar em um caftan confortável e chinelos macios. De repente, elas se olham no espelho, e nesse momento, pinta o desespero. Quem sabe, a depressão.

No dia seguinte, elas vestem novamente suas fantasias de jovens, chamando umas às outras de “Meninas” e recomeçam seu jogo de negação. Acho isso triste.

 

Penso que isso tem mais a ver com desespero do que com aproveitar a vida.

 

Sei que aos 58 anos eu tenho muito mais chão atrás de mim do que terei pela frente. Eu quero poder ler os livros que ainda não li, tentar me preparar mais para o meu grande encontro com a morte – sim, não há nada de mórbido nisso, pois a morte é um fato da vida – viajar, estar com as poucas pessoas que ainda consigo suportar, assistir aos meus filmes favoritos, e por que não, dançar, se a ocasião for propícia, sem forçar a barra ou ter que me fantasiar de dançarina de cabaré, o que seria ridículo. Eu quero tentar entender, mesmo que seja difícil, essa pessoa que sou eu, essa mulher na qual eu me tornei. Quero ter uma alma velha, antiga. Quero ser a tia meio bruxa, quem sabe, meio reclusa, que estuda muito e fala bem pouco.

 

Não vou aqui tentar recuperar o tempo perdido, pois o que foi perdido não pode ser reencontrado, pelo simples fato de que não há caminho de volta, nem nunca houve. É daqui para frente. É fazer o melhor que eu puder agora e viver uma vida que seja de verdade. Não quero jamais me tornar uma caricatura de mim mesma. Não vou tentar me infiltrar em grupos de pessoas mais jovens ou me enfiar em grupos de  “Melhor idade”, “Terceira idade” ou seja lá como for que os chamem. Prefiro ficar entre as pessoas que eu gosto, as que sempre conheci. Não me interessa fazer novos amigos, mas se acontecer naturalmente, por afinidade, por que não?

 

Eu gosto mesmo é da minha casa e de estar perto da natureza. Gosto de conversar com as árvores, admirar as plantas e os bichos e aprender sobre eles. Adoro estudar sobre assuntos que remetem à espiritualidade, e não tento impor minhas crenças a ninguém. Amo ler e escrever. Ainda trabalho, e amo o que eu faço. Vivo uma vida tranquila e me considero uma pessoa feliz a maior parte do tempo. Tenho tudo o que preciso e quase tudo o que sonhei. Tenho vivido uma vida com experiências boas, muito boas, ruins e muito ruins, e tento aprender com tudo. Não tento sair dos momentos ruins sem antes refletir e aprender. Tem gente que prefere “passar uma borracha” sobre a tristeza e colocar um sorriso no rosto, mesmo que seja falso.

 

A ditadura da felicidade, tão propagada nas redes sociais, também tem sido aplicada ao envelhecer. Lembro de uma Instagrammer de mais de 80 anos de idade, ex modelo, que postava fotos de biquine nas suas redes sociais, super maquiada, calçando saltos altíssimos que, com certeza, ela não conseguiria usar para caminhar. Eu sempre pensava: o que essa criatura está tão desesperadamente tentando provar? Que ainda é jovem? Que ainda é bonita e sensual? Que ainda “está podendo?” Seja o que for, ela falhou.

 

Não quero o “ainda.” Jamais me esforçarei para provar que eu “ainda.”  Quero o que é possível, sem me submeter a papéis ridículos. Quero ser respeitada, e não ser chamada de “gracinha,” “fofinha,” ou seja lá o que for. Não quero que me digam que eu não aparento a minha idade. Nunca vi isso como um elogio. Tais comentários só afirmam que, apesar das aparências, você envelheceu.

 

Não vou negar a minha idade, não porque eu ache que a velhice seja a melhor idade, ou a melhor fase na vida de uma pessoa. A melhor fase é entre os 15 e os 30 anos, pelo menos é o que eu acho. Envelhecer é ruim. Envelhecer dói, significa perder a beleza física, ter que lidar com possíveis problemas de saúde, perder a vitalidade, preferir ficar em casa a ir à uma festa simplesmente porque se sente cansada.

 

Envelhecer significa ter que lidar com vários tipos de julgamentos e preconceitos, trocas de olhares entre pessoas mais jovens toda vez que você esquece uma luz acesa, não consegue se lembrar do nome de alguém ou queima a comida, mesmo que essas sejam coisas que acontecem frequentemente entre os jovens. Talvez por isso essas senhoras dos vídeos tentem fingir que ainda são jovens. Talvez venha daí o desespero de mostrarem que ainda podem, que ainda conseguem, que ainda estão na moda: o medo dos mais jovens. O medo de serem confinados em casas de repouso pelos membros mais jovens da família. O medo de estarem quietinhos lendo um livro e serem classificados como depressivos.

 

Esta não é a primeira vez que escrevo sobre isso – tem um outro texto na minha escrivaninha do Recanto das Letras onde abordo o mesmo assunto. Mas lendo o que escrevi naquela ocasião e o que escrevi hoje, vejo que minha opinião não mudou. Fui procurar o texto e descobri que foi escrito há quase exatamente dois anos, no dia 09/01/2021. Muita água já rolou por baixo e por cima do meu telhado desde então. E não me arrependi de nada que foi escrito naquele dia.

 

 

 

 

 

 



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Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...