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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Rochas e Árvores- A Importância de Viver




Do livro "A Importância de Viver", de Lin Yutang


"Não sei que vamos fazer agora. Estamos construindo casas quadradas, todas em fila, e temos ruas retas e sem árvores. Não há mais ruas tortas, nem casas velhas, nem poços nos jardins, e o raro jardim particular que acaso se vê nas cidades não passa de uma caricatura. Chegamos a separar a natureza de nossas vidas, e vivemos em casas sem telhados, pois o telhado é o que há de mais descuidado num edifício moderno, que é deixado de qualquer modo depois de preenchidos os requisitos utilitários, visto que o empreiteiro da construção já está cansado e com pressa de terminar seu trabalho. O edifício comum parece uma pilha de cubos de madeira construída por um menino displicente ou caprichoso que se cansa do brinquedo antes de havê-lo terminado, e deixa sua pilha sem concluir, sem coroar. O espírito da natureza abandonou o moderno homem civilizado, e parece que procuramos civilizar também as próprias árvores. Se acaso nos lembramos de colocá-las em uma avenida, costumamos numerá-las em série, desinfetá-las, cortá-las e podá-las para que assumam uma forma que os humanos considerem suficientemente bela."

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"Existe, pois o grande problema de recuperar a natureza e trazê-la de novo ao lar. É um problema exasperante. Que pode fazer alguém com o mais artístico dos temperamentos, quando vive em um apartamento , longe da terra? Como vai alguém ter um campo de relva, ou um poço, ou bosquezinho de bambus, mesmo que seja suficientemente rico para alugar um apartamento com terraço? Tudo está mal, absoluta e irrecuperavelmente mal. Que resta admirar, salvo os arranha-céus e fileiras de janelas iluminadas à noite? Ao contemplar estes arranha-céus e essas janelas iluminadas, todos se envaidecem com o poder da civilização humana, e se esquecem que mesquinhas criaturas são os seres humanos. Vejo-me forçado, pois, a abandonar o problema, porque desespero de encontrar-lhe a solução."
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"Quanto ao gosto pelas árvores, mais fácil de compreender é, está visto, universal. As casas sem árvores em redor estão nuas, como homens e mulheres sem roupas. A diferença entre as árvores e as casas está em que as casas são construídas, mas as árvores crescem, e tudo o que cresce é sempre mais belo que o que se constrói."

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"Digo que o espetáculo dos pinheiros é mais significativo artisticamente, porque representa silêncio, majestade e desprendimento da vida, coisas tão semelhantes à maneira de ser do solitário. Esse espetáculo é similar ao das rochas e ao dos velhos passeando à sombra, como seguidamente vemos nas pinturas chinesas. Quando se está debaixo de um pinheiro, tem-se ao olhá-lo a sensação de sua majestade, da sua austera velhice, da sua estranha paz e isolamento. Diz Lao-Tsé: "A natureza não fala." Nem fala o pinheiro. Ali permanece, silencioso e imperturbável; olha-nos da sua altura, pensando que viu crescerem tantas crianças e envelhecerem tantas pessoas. Como um velho sábio, compreende tudo, mas não fala. E nisso está o seu mistério e a sua grandeza."






7 comentários:

  1. Palavras nem cabem! Apenas o sentir após let! ADOREI! beijos,chica

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  2. Nossa, Ana! Que belíssima postagem!!!
    Palavras fortes e bem ditas. Realmente o que cresce é muito mais bonito do que o que se constrói. Que bom seria se estivéssemos cercados por natureza por todos os lados. A escolha de imagens foi perfeita, adoraria morar numa casinha em tons rosados assim... parece até propriedade de um Hobbit.
    Abração esmagador e lindo dia.

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  3. Boa noite Ana, obrigada pelo visita em meu cantinho, aqui fala uma vovó encantada com beleza de um serzinho e como é maravilhoso ver a vida se multiplicando, não tive tempo ainda de fazer uma postagem... mas breve estarei apresentando minha princesinha. Ana ache fabuloso este texto do livro "A Importância de Viver", de Lin Yutang, é triste como o homem vai deixando de valorizar e respeitar a natureza... infelizmente !!!
    Bjs de luz e paz
    Clarice

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  4. Olá, Ana.
    Parabéns pela bela postagem. Lin Yutang foi muito importante para mim; quando conheci essa obra do filósofo já estava na Universidade, e com ele pude alargar os conhecimentos de Filosofia, que estudava nessa época. na Faculdade de Direito.
    Abraço.

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  5. Ana,

    Linda sua postagem!
    Eu costumo observar as arvores mais "maduras" espalhadas por algumas ruas por onde passo. Quando vejo um tronco grande, fico pensando quantos anos ela tem.

    Bjs

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  6. Bom dia,
    Publicação para uma verdadeira reflexão, os interesses económicos são aqueles que rejeitam a natureza sem olhar a meios para a destruir, em nome do desenvolvimento dão-nos cada vez mais paisagens em cimento e alcatrão que também origina o aquecimento global.
    Erram aqueles que pensam que conseguem destruir a única coisa perfeita do planeta que é a natureza, esta sempre repôs e ira repor o necessário para o equilíbrio do planeta, nem que esta reposição custe milhares de vidas humanas.
    Dia feliz
    ag

    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

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  7. Ana,que importante texto nos alertando para a necessidade de cuidar melhor de nossas árvores ter por perto a natureza,na medida do possivel! bjs,

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