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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Cartas a Theo - Vincent Van Gogh - Parte I






Trechos do livro "Cartas a Theo," que consiste em cartas trocadas entre Vincent Van Gogh e seu irmão, Theo.







"É no cemitério que eu prefiro tomar a palavra, porque ali todos pisamos o mesmo chão, e não somente pisamos o mesmo chão, mas também sempre percebemos isto."






"Aquele que ama muito realiza grandes coisas, e o que se faz por amor está bem feito."
 


"Não conheço melhor definição da palavra arte do que esta: "A arte é o homem acrescentado à natureza."; à natureza, à realidade, à verdade, mas com um significado, com uma concepção, com um caráter, que o artista ressalta, e aos quais dá expressão, "resgata", distingue, liberta, ilumina."





"... o que se passa no íntimo revela-se exteriormente? Fulano tem uma grande chama queimando em sua alma, e ninguém jamais vem nela se esquentar, e os transeuntes só percebem um pouquinho de fumaça no alto da chaminé e seguem então seu caminho. E agora, o que fazer? Sustentar esta chama interior, ter substância em si mesmo, esperar pacientemente, e no entanto com quanta impaciência, esperar, dizia, a hora em que alguém desejar aproximar-se - e ficar? Que sei eu? Quem quer que acredite em Deus, que espere a hora que cedo ou tarde chegará."



"Um pássaro na gaiola durante a primavera sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, mas não pode fazê-lo. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então vagas lembranças e diz para si mesmo: Os outros fazem seus ninhos, tem seus filhotes e criam sua ninhada," e  então bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua  ali, e o pássaro fica louco de dor.
"Vejam que vagabundo", diz um outro pássaro que passa, "esse aí é um tipo de aposentado". No entanto, o prisioneiro vive, e não morre, nada exteriormente revela o que se passa em seu íntimo, ele está bem, está mais ou menos feliz sob os raios de sol. Mas vem a época da migração. Acesso de melancolia - "mas" dizem as crianças que o criam na gaiola, "afinal ele tem tudo o que precisa." E ele olha lá fora o céu cheio, carregado de tempestade, e sente em si a revolta contra a fatalidade. "Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis! Tenho tudo o que preciso. Ah! Por bondade, liberdade! Ser um pássaro como outros." Aquele homem vagabundo assemelha-se a este pássaro vagabundo... E os homens ficam impossibilitados de fazer algo, prisioneiros de não sei que prisão horrível, horrível, muito horrível. Há também, eu sei, a libertação, a libertação tardia. Uma reputação arruinada, com ou sem razão, a penúria, a fatalidade das circunstâncias, o infortúnio, fazem prisioneiros. Nem sempre sabemos dizer o que é que nos encerra, o que é que nos cerca, o que é que parece nos enterrar, mas no entanto sentimos não sei que barras, que grades, que muros. Será tudo isto imaginação, fantasia? Não creio; e então nos perguntamos: meu Deus, será por muito tempo, será para sempre, será para a eternidade? Você sabe o que faz desaparecer a prisão. E toda afeição profunda, séria. Ser amigos, ser irmãos, amar, isto abre a porta da prisão por poder soberano, como um encanto muito poderosos. 
Mas aquele que não tem isto permanece na morte. Mas onde renasce a simpatia, renasce a vida. Além disso, às vezes a prisão se chama preconceito, mal-entendido, ignorância, falta disto ou daquilo, desconfiança, falsa vergonha."





"Agora, uma das causas pelas quais eu estou agora deslocado - e por que durante tantos anos estive  deslocado - é simplesmente porque tenho ideias diferentes das desses senhores que dão cargos àqueles que pensam como eles."



9 comentários:

  1. Ana, vim guiada pelo Facebook até este espaço, mais um seu, para admirar seus trabalhos.Muito bom mesmo ! Bj.

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  2. Van Ghog e seu irmão Theo, que foi seu protetor e marchand, estão enterrados no pequenino cemitério de Auvers Sur Oise, rio Sena acima, pequena "village" onde morreu após tiro não mortal que disparou em si nos campos que pintava, sangrou até morrer, e não atendeu nem ao apelo de seu irmão que veio de Paris para levá-lo e socorrê-lo, pois o ferimento não era mortal. Theo morreu seis meses após Van Ghog, segundo consta de tristeza. A filha do médico que o tratava em Auvers, Dr, Gachet, se apaixonou por Van Gogh, mas ele recusava dela se aproximar pois só andava com prostitutas. Ela após a morte de Theo, enterrado ao lado do pintor em Auvers, plantou sobre os túmulos que ficaram parecendo um só, uma gramínea e justificou que era para uní-los na morte como foram unidos em vida. O quadro do Dr. Gacghet vendido em Nova Iorque foi recorde em preço na época da venda faz anos, oitenta milhões de dólares, nunca nenhuma tela tinha atingido tal cifra, e quando vivo seu irmão não conseguia vender seus quadros. As cartas trocadas pelos irmãos são de inestimável riqueza.Parabéns pela divulgação de trechos. Celso Panza

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  3. "La misère ne finira jamais." ... V. Van Gogh
    André Breton chama a atenção para a frase que consta numa das cartas enviadas ao irmão Theo.
    Abraço. Jorge

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  4. É um primor literário, cujos provérbios traduzem bem a grandiosidade da alma do imortal Van Gogh. Obrigado, Ana, por nos presentear com tão lindas mensagens. Abraço-te com a ternura, o respeito e a admiração de sempre.

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  5. Olá, querida Ana
    Um post enriquecedor, sem sombra de dúvidas...
    Bjm de paz e bem

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  6. Quando se entra numa casa e se sai mais feliz, é porque saímos mais fortes.
    Um grande post Ana
    mui bjis

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  7. Ah, Ana, peguei sua montagem do quarto de Van Gogh emprestado. Não resisti! :)
    A Professora Tia Lilian

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