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sábado, 5 de maio de 2012

CONVERSAS QUE TIVE COMIGO - NELSON MANDELA (RESENHA)


Terminei de ler “Conversas que Tive Comigo ,” de Nelson Mandela. O livro em si é até um pouco chato, e a leitura às vezes torna-se arrastada, pois é um apanhado de fragmentos de anotações pessoais, cartas e conversas que ele teve com pessoas, relatos de viagens, experiências que teve na prisão, encontros políticos... e até mesmo notas sobre sua saúde. Mas pesca-se  pérolas muito preciosas durante a leitura deste livro, o que seria impossível de não acontecer, devido a grandeza de quem o escreveu.


Mandela diz que a prisão é o melhor lugar para alguém pensar sobre a vida... às vezes, tem-se a impressão de que os vinte e sete anos que ele passou preso, na verdade, foram-lhe leves. Não vi nenhuma palavra de raiva dirigida contra seus opressores. Será porque as cartas eram censuradas?


O livro só faz aumentar a admiração que sempre tive por este homem único. E a certeza de que eu jamais, em milhões de vidas, seria capaz de ser como ele: entregar a minha vida e  a minha liberdade em defesa da causa de um povo. Arriscar-me a morrer para que outros pudessem ser livres. Pessoas como ele dão a mim uma noção exata de minha pequena pessoa, e de minha quase inexistente colaboração ao  mundo.


Em um dos relatos que mais me impressionaram até o momento, Mandela conta como, durante um julgamento, ele tinha certeza de que seria sentenciado à morte, e que ele não se importava. Tinha certeza, quando o juiz ia começar a ler a sua sentença, que ele estava morto. E a indiferença com que ele trata do assunto, surpreendeu-me; na verdade, chocou-me. É preciso uma grande dose de desprendimento, um idealismo fortemente arraigado dentro do coração, para ter uma reação assim. Qual de nós caminharia para a morte com tanta coragem e indiferença, com a certeza de que estaria fazendo uma troca justa: a vida pela causa?


Acho que pessoas como ele não são seres humanos comuns; são missionários. São maiores do que eles próprios. Não tem , em si, uma gota de egoísmo, e não podem ser comparados a nós, pobres seres humanos comuns.


Vinte e sete anos na prisão, sendo submetido a trabalhos forçados, passando fome, sendo mal-tratado e tendo seus escritos censurados. Durante um período, as visitas só eram permitidas a cada seis meses, e durante apenas trinta minutos. Acho que eu teria enlouquecido. Mesmo que , mais tarde, a dureza tenha sido relaxada, eu fico pensando no quanto a liberdade me é cara... mas eu estou falando apenas da minha pequena liberdade, essa coisinha egoísta de poder ir e vir quando eu quiser, a hora que eu desejar.


A liberdade da qual ele fala em seu livro e pela qual ele luta, é de outra esfera. Nem se compara à nossa. Nem ouso tentar compreendê-la.

2 comentários:

  1. é verdade !! já li (pedaços de minha alma ) da winie mandela. ela narra a prisao dele no dia em que se casaram. algumas pessoas sao de verdade muito especiais nesse mundo !!! ficou lindo ! olguinha

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  2. Ana, a história que esse HOMEM construiu, é para todas as gerações futuras. Eu sinto as mesmas coisas quanto a mim, e ainda conseguimos nos sentirmos vítimas disso ou daquilo. Sinto vergonha lendo seu texto. Assisti o filme onde a esposa de Mandela, segue com a causa, perseguida, agredida, ameaçada, se escondendo, depois dando a cara a tapa. Impressionante como pessoas assim, conseguem tal desprendimento e desapego, num país miserável por um lado, e riquíssimo por outro, onde só desfrutam das benesses da fortuna, os "poderosos". Minha sobrinha voltou da África a poucos meses, e disse que ele é idolatrado por aquele povo, que é emocionante ver e sentir o amor que eles sentem por Mandela. Não seria diferente né Ana, até nós que estamos longe geograficamente o amamos. De fato não é um HOMEM comum, sua missão é incompreensível à nós tão pequenos e egoístas.

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